Agradeça
"Agradeça a todas as pessoas, coisas e fatos que se vão. Novas e boas coisas estão chegando." Masaharu Taniguchi
Para se despedir de agosto... a imagem que fica é dos ipês amarelos.
Como não lembrar de Rubem Alves que é sinonimo deles. Eis um de seus artigos: "Os ipês-amarelos: o que você ama define quem você é."
Para se despedir de agosto... a imagem que fica é dos ipês amarelos.
Como não lembrar de Rubem Alves que é sinonimo deles. Eis um de seus artigos: "Os ipês-amarelos: o que você ama define quem você é."
"Acho curriculum vitae uma coisa boba. Sei que os burocratas sem
eles se sentiriam perdidos. Por amor aos burocratas e curiosos fiz uma
concessão: coloquei o meu na minha homepage. Mas lhe dei um nome novo.
Curriculum, em latim, quer dizer pista de corrida. Um curriculum vitae é,
assim, uma enumeração dos lugares por onde se passou, na correria da vida. As
coisas que eles registram não existem mais. O que é passado está morto. Assim,
na minha homepage, ao invés de curriculum vitae eu escrevi curriculum mortis,
porque eu não sou o meu passado. Eu sou o meu agora. De um pianista que vai
iniciar o seu concerto não se espera que ele diga os nomes dos professores com
quem estudou... Dele só se espera uma coisa: que se assente ao piano e toque...
...Ao final de uma entrevista o
entrevistador me fez a última pergunta: “Como é que o senhor se definiria?” Fui
pego de surpresa. A resposta teria de ser curta. Lembrei-me da frase que o
poeta Robert Frost escolheu para seu epitáfio: “Ele teve um caso de amor com a
vida...” Encontrei minha definição em mim mesmo. Respondi: “Eu tenho um caso de
amor com a vida...”
Uma professora me contou esta coisa
deliciosa. Um inspetor visitava a escola. Numa sala ele viu, colados nas
paredes, trabalhos dos alunos acerca de alguns dos meus livros infantis. Como
que num desafio, ele perguntou à criançada: “E quem é Rubem Alves?” Um
menininho respondeu: “O Rubem Alves é um homem que gosta de ipês-amarelos...” A
resposta do menininho e deu grande felicidade. Ele sabia das coisas. As pessoas
são o que elas amam. Descartes afirmou: “Penso, logo existo”. Eu inverto
Descartes e digo: “Amo, logo existo”. Mas o menininho não sabia que sou um
homem de muitos amores... Amo os ipês, mas amo também caminhar sozinho. Muitas
pessoas levam seus cães a passear. Eu levo meus olhos a passear. E como eles
gostam! Eles têm fome de ver. Encantam-se com tudo...
...Escrever é minha grande
alegria!...
...Vejo e quero que os outros vejam
comigo. Por isso escrevo. Faço fotografias com palavras. Diferentes dos filmes
que exigem tempo para serem vistos, as fotografias são instantâneas. Minhas
crônicas são fotografias. Escrevo para fazer ver. Uma das minhas alegrias são
os e-mails que recebo de pessoas que me confessam haver aprendido o gozo da
leitura lendo meus textos...
...Não tenho medo da morte. O que
sinto é tristeza. O mundo é muito bonito! Gostaria de ficar por aqui...
Escrever é meu jeito de ficar por aqui. Cada texto é uma semente. Depois que eu
for, elas ficarão. Quem sabe se transformarão em árvores! Torço para que sejam
ipês-amarelos..."
Comentários
Postar um comentário
obrigada pela visita !Seu comentário é muito importante!!